segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pudor-Relatividade (ou “Porque o Terrorismo Poético não é necessariamente um Crime”)



Vivemos numa era de idiotas. Pessoas como zumbis, temendo a si mesmas (coisas que nem mesmo os zumbis fazem, na cultura pop), andando com o medo e a apatia diárias, e se esquecendo da natureza selvagem que nos constrói. Nos prendemos a tantas regras outorgadas que nos esquecemos do que, para muitos, foi dado a nós por um Deus, ou por nós mesmos: O livre-arbítrio.

Dos muitos instrumentos a nos tolhir as vontades, um dos mais descabidos é, certamente, o pudor. Essa ignorância travestida e caricata em si mesmo, coberta de uma relatividade cruel, está enraizada no conceito de sociedade, e nas “regras de boa convivência”. Por pudor, não se usam termos de baixo-calão em convenções, palestras e poesias clássicas. Por pudor não se fala o que se pensa (e o que se deve). Por pudor usamos roupas em dias quentes. Essa ferramenta, além de estúpida e ridícula, é um exemplo da universalização de pensamento atual.

Em sociedades indígenas clássicas, mal se usam roupas. Nesse contexto, um índio, acostumado com a nudez das mulheres, não se excita (ou fica de pau duro, como eu escreveria sem o pudor que se enraíza em mim). Os índios não passam o dia todo transando apenas por sua ausência de roupas. Não seria por isso que o estúpido civilizado o faria.

Se o pudor é tudo o que nos prende e foge ao universalizante, nada declararia, além da lei imbecil humana, o terrorismo poético como crime, sendo ele a arte de destruir o que se chama de pudor. Agredir um monumento ridículo, xingar uma personalidade estúpida, pichar textos literários em praças públicas, distribuir doces com mensagens críticas, seqüestrar pessoas para realizar seus sonhos, etc, são uma tentativa de melhorar o mundo monótono, cinzento e ridículo dos zumbis do século. A morte do pudor, a destruição desse grilhão, para construir com ele um mundo artístico.

Declaro guerra ao pudor, para que possa um dia palestrar sobre isso. Para que possa um dia dizer “Declaro guerra ao filho da puta do pudor.”. Não faça, claro, nada que possa te jogar na cadeia, ou possa te levar a ser réu de um processo jurídico, mas conquiste isso aos poucos. Se conseguir, troque filmes a serem projetados em cinemas, por pornografia. Faça arte que degrade. Cole enormes pôsteres exibindo o nu de mulheres (ou homens, se preferir). Degrade o conceito de roupas apenas por convenção, e não como proteção ao frio. Destrua, exploda e torture aquilo que chamamos de decência. Crie blogs de exposição de pornografia e poste o link em todo lugar. Faça de sua vida um atentado poético-terrorista a essa escrotice diária, para que um dia nos vejamos livres da monotonia que nos cerca.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Seis filmes para assistir antes de começar a viver




Preparo aqui uma lista de seis filmes indispensáveis para você que quer absorver na tua vida os ideais da cacofonia, para levar a arte do terror pelo mundo afora. Espero que possa sorver desses filmes a essência pura, e tornar-se o caos.

Clube da Luta (Fight Club): Encabeçando a lista temos um filme que trás o melhor da arte como crime. Mostra até onde sua loucura deve ir (o infinito), e o que fazer para criar realmente um estardalhaço. Exploda algum lugar. Quebre a cara dos seus amigos, e torne-se amigo de pessoas de quem você quebrou a cara. E depois, seja eternamente feliz, liberando o stress do seu dia-a-dia.

Caos-Express: Documentário independente nacional sobre a produção de uma zine de terrorismo poético. O filme mostra que, apesar de não ser fácil, o trabalho de produção de matérias sem nenhum sentido aparente, poesias que incitam a reflexão e cartas inventadas, o resultado final é interessante. A zine trata de acontecimentos e teorias da conspiração na cidade local. O nome da cidade é mantido em segredo, bem como o nome, o rosto e a voz dos criadores da zine. Instiga a fazer também um desses em sua cidade.

A Laranja Mecânica (A Clockwork Orange): Filme cult à parte, trata de temas interessantíssimos, como a regeneração forçada e a "ultra-violência". Tendo seu foco em Alex, um jovem que possui uma gangue, ele retrata atos interessantes de violência a troco do nada, que não devem ser levados tão ao extremo quanto no filme. Não estamos aqui para bater em pessoas inocentes, e muito menos estuprar jovens moças. Mas certas formas de vandalismo mostradas no filme são cabíveis, bem como o ideal de regeneração forçada. E a trilha sonora é coberta de Beethoven, que deve ser bem utilizado junto a conceitos de arte urbana, caótica e agressiva.

Inland Empire (Império dos Sonhos): David Lynch em todo o seu esplendor, criando o que há de mais refinado e perfeito em termos de arte chocante e agressiva. Tenha medo do nonsense, mas tenha mais medo do sentido que sua mente acha para as tomadas aparentemente desconexas. O enredo do filme não tem a ver com o conceito de Anarquismo Ontológico, mas sua execução brutal e chocante o tem. Se quiser criar arte do terror, espelhe-se em Lynch.

Aibu: Outra produção nacional. Trata de um fazendeiro em uma cidadezinha rural que, aos poucos, vai perdendo sua sanidade e fazendo pequenos atos de destruição, acreditando receber ordens indígenas, e agindo sob a alcunha de Aibu(cheiro ácido, em tupi). Contando com um elenco incrível, com Antônio Fagundes como Aibu/José Nascimento, Camila Morgado como sua esposa, Marcos Palmeira como seu filho, Matheus Nachtergaile como o Paraíba, o filme mostra atos como círculos forjados em uma plantação, inscrição de estranhos sinais em casas e estábulos de vizinhos, e o simples fato do terrorismo poético tratado como heroismo, visto que Aibu salva o vilarejo da extinção, trazendo para o lugar vários imigrantes interessados nos estranhos fenômenos. Participação especial de Caetano Veloso.

O Cheiro do Ralo: Filme do Cenário Underground brasileiro, adaptado da obra de Lourenço Mutarelli. Outro exemplo de arte feita para chocar, obtendo todo o êxito. Retratando a realidade humana, em seu vazio perpétuo. Trazendo indivíduos que perdem seus valores, diálogos existencialistas, teorias mirabolantes, e uma interpretação incrível por parte de Selton Mello, que dá um show vivendo o protagonista frio e paranóico. Participação do próprio Mutarelli, como o segurança.

Agora, com os três principais posts da administração do blog, para exemplificar como devem escrever para cá (ou não, se preferirem abordar qualquer outra coisa), estamos abertos aos seus textos.

O e-mail para contato é zonaat@gmail.com (e-mail alterado porque o yahoo merece ser vandalizado de tão ruim). Contamos com vocês para salvarem a humanidade da monotonia. "O tédio é o único pecado imperdoável."

Destrua o tedioso. Destrua o pudor. Destrua tudo.

E terá a arte.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O (Re)Nascer do Eu



Qual seria, pois, o motivo pelo qual sua arte é natimorta?
Qual cordeiro não oscila entre o cercado que o prende e alimenta, e a liberdade com risco de vida?

Por que tua dor ao ver que vive cada dia à sombra do teu próprio eu, escondendo-se de sua essência apenas por uma camada ridícula e apodrecida de moral não te move a mudar? Todos os dias de sua havida nesse planetóide em constante decadência serviram para uma coisa: Inspiração.

Antes desse convite, você era apenas mais um deles, não era? Mais uma porcaria sem expressão, andando pelas ruas ouvindo a música do constante caos urbano. Ouvindo as entrelinhas do desespero perpétuo da normalidade, da futilidade e do ócio em vida.

Eu te convido a mudar. Ponha uma expressão risonha nas suas faces ao deparar-se com o normal. Depois de se acostumar a isso, persiga o extraordinário, ele não vai te machucar. Ponha sorrisos (ou riso histérico) no rosto de outras pessoas. Destrua o feio, como o que julgam arte, mas não traz nada que apeteça a ninguém. Destrua o conceito artístico, criando o grotesco. Grite nas ruas como um louco, mas grite algo que tenha valor. Piche muros com poesia. A subversividade e a liberdade do seu ser caminham juntas.

Invente palavras e lugares que confundam as pessoas. Faça com que os outros se percam, trocando o nome de ruas. Colocar cartas com mensagens introspectivas ou mensagens a pessoas que nunca existiram na caixa de correio dos outros é muito mais do que legal: é liberto.

Dê um choque elétrico em sua própria vida. Ressucite sua criatividade agressiva latente. Busque suas origens primais para desfazer a monotonia. Brinque com essa monotonia, e crie algo novo de sua rotina. Seja fogo que anda, destrói e deixa cinzas marcantes e belas. Mas não se deixe apagar pelo não-reconhecimento da sua arte. Ser anônimo é essencial para estar bem. Você não é um super-herói, apesar de salvar as pessoas de seus próprios fantasmas de pudor e rotina. Aos olhos da lei e da sociedade que se apega ao material de sua monotonia, você é o vilão, o agressor da humanidade. E você será caçado, se não souber se esconder. Mas nunca mais se esconda por trás de uma camada ridícula e apodrecida de moral.

Destrua a rotina e construa com ela, um mosaico. E não se esqueça do mote: “A arte como crime, o crime como arte”.

Prelúdio auto-explicativo





Palavras com sonoridades de malabares inflamados, juntas como numa costura como um tapete persa, não perfeito, mas com falhas tão belas quanto todo o resto. Um mágico tapete voador de palavras escritas por verdadeiros artesãos desta era, costureiros de idéias, escritores autônomos e anônimos pervertendo idéias com palavras e palavras com idéias. Não há uma regra, só vontades.



Um desses tecelões venho, por ventura de minhas vontades a ser, e decerto você também ou o é ou pode – e possivelmente quer – sê-lo. Um autor sem nome nem rosto, um poeta do terror, um ensaísta do Pãnico/revelação.
Muitos são os que entendem o que digo, pessoas que desde crianças tem uma chama natural ao homem. Mas a maioria se perde por ser reprimida pela Sociedades e pela Moral, um pecado à arte.



Decido pela tristeza de ver tantos dos meus morrerem dentro de suas mentes, crio e declaro ao mundo esta, a zona Anônima temporária. Um local onde quaisquer textos enviados ao e-mail serão postados, tendo ou não a ver com os assuntos tratados a cima.



Um local fértil, adubado pelos cadáveres da Moral, da Ética, do Platonismo dualista. Um ponto antes vazio agora ocupado por mentes. Não se enganem que quero a destruição de egos com isso, o anonimato é simplesmente para impossibilitar que peguem os praticantes do terrorismo poético por causa de seus “poemas” ou arte-sabotagens.
Se juntem, uni-vos , usem esse local para práticas libertárias mesmo que ilegais, para encontrar pessoas dispostas a raptar uma garota para levá-la ao cinema ou a um jovem para levá-lo para tomar sorvetes. Planejem pichar Augusto dos Anjos nas paredes das prefeituras, façam a história e mudem o mundo.



Sois livres e sois sóis, senhores de si mesmos, e agora têm aonde se comunicar sem medos ou retaliações. Declaro a morte do autor e o célebre nascimento deste “consciente coletivo”. Liberdade total e sem pudores. sejamos crianças selvagens de novo
Arte como crime e crime como arte,
1984, 18/06 14:33pm